22 dezembro 2010
16 novembro 2010
Despertar
12 novembro 2010
(...)De vez em quando...
30 outubro 2010
O amor continua...
18 outubro 2010
Escolhas
23 setembro 2010
Um amor além da fala
Olhava pro nada. Então ele veio, sorrateiramente, e deitou ao seu lado. Ela aproveitou o momento e encostou a cabeça no peito dele. Ficaram alguns minutos em silêncio. Nesse instante, um compreendia o outro. Ele fez o que pode. Ela acolheu todo o amor que veio. E assim, em pensamento, se amaram. Amaram-se como nunca, naquele gesto simples.
Viraram um de frente para o outro. Um sorriso, uma lagrima, dois suspiros. Como conseguiam se entender assim dessa maneira tão simples? Poucas pessoas entendiam porque poucas delas possuíam um amor desses, que se entende para além da fala. Atualmente todos parecem viver num ciclo de barulhos. O silêncio para alguns incomoda. Para eles, naquele instante, um conforto e toda a compreensão. E, acredito eu que, não precisavam de mais nada.
11 agosto 2010
Os pais
01 agosto 2010
Minhas lembranças
25 julho 2010
Ser fotógrafa exige...
21 julho 2010
Mon amour, mon ami
09 julho 2010
01 julho 2010
Nossas notas
25 junho 2010
Me falta o velho
Vai no tempo vai
E eu sem ter maldade
Na inocência de criança de tão pouca idade
Troquei de mal com Deus por me levar meu pai "
22 junho 2010
15 junho 2010
Declaração
Vaivem
24 fevereiro 2010
Haiti. As outras réplicas.
O bom Pat não está sozinho. São muitos os que acreditam, ou ao menos suspeitam, que a liberdade foi o pecado que condenou o país à desgraça perpétua. O Haiti não seria um país maldito se tivesse aceitado seu destino colonial.
Mas, maldito por quem? Os negros haitianos haviam humilhado o Exército de Napoleão Bonaparte, que nessa guerra perdeu 18 oficiais, e a França cobrou caro a expiação. Durante mais de um século, o Haiti pagou à França uma indenização equivalente hoje a quase 22 bilhões de dólares, por ter cometido semelhante sacrilégio.
O novo país nasceu endividado e arruinado, arrasado pela guerra da independência, que a tantos matou ou mutilou, e também arrasado pela exploração desapiedada de seus solos e de suas pessoas extenuadas no trabalho escravo. A prosperidade da França havia sido a ruína do Haiti. Todo o país se havia reduzido a uma imensa plantação de açúcar, que aniquilou as florestas e secou a terra. Os negros livres herdaram um reino sem sombra e sem água.
Nestes dias, a imprensa divulgou resenhas históricas. Supõe-se que ajudam a entender o que acontece. Em quase todos os casos, nos contam que o Haiti foi o segundo país livre das Américas, porque havia seguido o exemplo da independência dos Estados Unidos. A verdade é que não foi o segundo. Foi o primeiro, o primeiro país realmente livre, livre da opressão colonial, sim, mas também livre da escravidão. E foi o primeiro, exatamente porque não seguiu o exemplo dos Estados Unidos: o Haiti foi um país sem escravos 60 anos antes dos Estados Unidos, cuja primeira Constituição estabeleceu que um negro equivalia a três quintas partes de uma pessoa.
E o Haiti nasceu, por isso, condenado à solidão. O Haiti difundia, apenas com seu exemplo, uma peste contagiosa. Nenhum outro país reconheceu sua existência. Todos lhe deram as costas. Nem sequer Simon Bolívar, quando governou a Grande Colômbia, pôde recordar que devia sua glória aos haitianos, porque eles lhe haviam dado navios, armas e soldados, quando estava vencido, com a única condição de que libertara os escravos.
Outra réplica do terremoto: são muitos os que creem, e não poucos a afirmarem, que toda a ajuda será inútil, porque os haitianos são incapazes de se auto-governarem. Levam na testa a marca africana. Estão predestinados ao caos. É a maldição negra.
Pelo mesmo motivo, os Estados Unidos não tiveram outro remédio que invadir o Haiti em 1915. Robert Lansing, secretário de Estado, explicou então que “a raça negra é incapaz de se governar a si mesma e tem uma tendência inerente à vida selvagem e uma incapacidade física de civilização”.
O presidente Woodrow Wilson, prêmio Nobel da Paz, fervoroso admirador da Ku-Klux-Klan, assinou a ordem de invasão, para restabelecer a ordem, evitar o caos e, de passagem, já que estavam aí, cobrar o que o Haiti devia aos bancos norte-americanos. As tropas foram para ficar apenas um curto período de tempo, mas acabaram ficando 19 anos. Não puderam restabelecer a escravidão, como haviam feito no Texas e na Nicarágua, mas ao menos impuseram um regime de trabalho forçado que era bastante parecido, e enquanto durou a ocupação militar proibiram que os negros entrassem nos hotéis, restaurantes e clubes reservados aos estrangeiros. Também proibiram que o presidente do Haiti cobrasse seu salário, até que emendou a sua conduta e presenteou o Banco da Nação ao City Bank.
Quando as tropas se retiraram, deixaram um país bastante pior do que aquele que haviam encontrado.
Oxalá, não se repita a história, agora que as tropas norte-americanas retornaram, trazidas pelo terremoto, e sobre as ruínas exercem o poder absoluto.
Terra desolada, gente desesperada: o Haiti viveu mal a sua vida, quase sempre submetido a ditaduras militares. Ditadura após ditadura: para que calem os muitos e mandem os poucos.
Um dos ditadores, Baby Doc Duvalier, escapou da fúria popular em janeiro de 1986. Fugiu, acompanhado por milhões de dólares, no avião militar que o presidente Ronald Reagan lhe enviou, em agradecimento pelos serviços prestados.
Tempos depois, por ocasião do terremoto, Baby Doc anunciou, do exílio, que doaria ao Haiti uma parte do dinheiro que havia roubado. Foi comovedor. Quase tanto como o gesto do Fundo Monetário Internacional, que decidiu emprestar ao Haiti 100 milhões de dólares.
A experiência demonstrou, na América Latina e em todo o mundo, que os especialistas internacionais são tão úteis quanto os ditadores militares, talvez mais, e são muito mais apresentáveis, porque matam para ajudar as suas vítimas.
No Haiti, como em muitos outros países, foram o Fundo Monetário e o Banco Mundial que pulverizaram o poder público e eliminaram os subsídios e as tarifas alfandegárias que de alguma maneira protegiam a produção nacional de arroz. Os camponeses que viviam de sua produção foram convertidos em mendigos ou balseiros, jogados nas ruas ou aos tubarões, e o Haiti passou a importar o arroz, esse sim subsidiado, esse sim protegido, dos Estados Unidos.
Graças aos bons serviços destes filantropos internacionais, o terremoto aniquilou um país aniquilado: sem Estado, sem instituições, sem hospitais, sem escolas.
Sem nada? Sem nada de nada?
Em 1996, o deputado alemão Winfried Wolf, que passava alguns dias no Haiti, consultou as estatísticas internacionais. Havia escutado milhares de vezes que o Haiti é um país superpovoado. Surpreendeu-se ao saber que a Alemanha está quase tão superpovoada quanto o Haiti. Mas admitiu: “Sim, o Haiti está superpovoado... de artistas”.
Winfried percorria os mercados sem se cansar nunca de tanto admirar as criações da arte popular deste país. As haitianas e os haitianos têm mãos magas, que revolvem o lixo e do lixo tiram ferro velho, cristais quebrados, madeiras gastas, coisas que parecem mortas, e essas escultoras e escultores lhes dão vida e alegria.
O Haiti é um país jogado no lixo, terra desprezada, terra castigada, que agora parece, depois do terremoto, mais morta que nunca. Restaram mãos magas capazes de ressuscitá-lo?
Um dos sobreviventes, que perdeu mulher, filhos, casa, tudo, respondeu à pergunta de um jornalista: “E agora? Agora choro. Todas as noites choro. Aqui, na praça onde durmo, choro. E depois me levanto e caminho. Sem destino. Caminho. Sigo. Busco a vida. Não me perguntes por quê”.
[Recebi esse artigo via e-mail, pela Lista Social-L. De qualquer forma me pergunto porque as pessoas ainda me perguntam porque eu acho ele absurdamente um dos melhores jornalistas que conheço e porque tenho muitos livros dele na estante de casa. Ele sabe o que diz, ele sabe o que pensa.]
09 janeiro 2010
Minha aventura com Sherlock Holmes
A paixão começou ainda na infância. Li vários do gênero. Os primeiros foram daquela série que adolescentes iam em busca de tesouros e para virar de página era necessário desvendar mistérios [i]. Depois passei por muitos livros da Coleção Vaga- Lume (como A Ilha Perdida, A primeira reportagem, O preço da coragem, Sozinha no mundo, Vencer ou Vencer, entre outros), passei por Agatha Christie (que é mais policial) até chegar a Sir Arthur Conan Doyle e o fantástico Sherlock Holmes.
Holmes, como sabem, é um famoso detive inglês que faz trabalhos particulares e atua, numa espécie de freela, da Scottland Yard (polícia inglesa). Com uma inteligência e um senso de percepção acima da média, era capaz de resolver as situações mais impossíveis. Obviamente que Sherlock Holmes contava com a ajuda do Dr. Watson, médico e parceiro de aventuras.
Então, como podem imaginar, fui assistir no cinema a estréia de Sherlock Holmes nos cinemas brasileiros, ocorrida em oito de janeiro de 2010 (trailer no final do post). Uma diferença de pelo menos, 15 dias se comparadas aos países da Europa e os Estados Unidos.
Antes de entrar na sala, quase surtei . Chegamos 20 minutos antes do começo do filme e a fila para a compra de ingressos era quilométrica. Mas não perdemos nada – ainda bem. Quando entramos no cinema estavam passando as propagandas e os trailers. Só tivemos que achar nossas poltronas numeradas [ii] (números dois e três, da terceira fileira) e esperar.
Então, o filme começou e quando menos percebemos havia acabado. Sherlock Holmes agradou muito. Digo mais, superou as expectativas de uma fã (quase tiete) especialmente pelo humor mais do que irreverente da dupla Holmes (interpretado por Robert Downey Jr, de O Homem de Ferro) e Watson (Jude Law).
Além de desvendarem o mistério que envolve o sinistro Lord Blackwood (Mark Strong) ao meio de muita confusão, os amigos também precisam tomar cuidado com a bela Irene Adler (Rachel McAdams), única pessoa a enganar o detetive inglês duas vezes e que o fez se apaixonar.
Os parceiros também enfrentam uma crise no relacionamento por causa da aproximação do casamento de Watson, propondo um possível fim do trabalho desse com Holmes. O amigo faz de tudo para atrapalhar o romance e ficar perto do companheiro de aventuras.
Óbvio que o Holmes [moderno] das telonas é mais travesso e malandro que o comportado Holmes dos livros[iii]. Porém ambos possuem a mesma mente brilhante e dissecam cada caso em um passe de mágica e com muita aventura.
O ano, com Sherlock Holmes nos cinemas, começou muitíssimo bem. Mas “isso é elementar não meu caro Watson”?
[i] Como puderam notar, esqueci o nome da série, se alguém souber através dessa descrição e puder ajudar, agradeço.
[ii] Confesso que para mim é a revolução do mundo. Cadeiras numeradas... como gente do interior se deslumbra com essas novidades bestas não?
[iii] Os romances mais famosos de Sir Conan Doyle sobre Sherlock Holmes são Um estudo em vermelho, Os signos dos Quatro. Sem contar os contos como As aventuras de Sherlock Holmes, As memórias de Sherlock Holmes, o Último Adeus de Sherlock Holmes, entre outros.
05 janeiro 2010
68 é o ano que não terminou?
Vários foram os acontecimentos ocorridos naquele de 68: Primavera de Praga, Guerra do Vietnã, Maio de 1968 - quando estudantes contestam o sistema vigente (tendo como palco principal Paris) -, morte de Martin Luther King, e aí por diante. Nas nossas terrinhas, outras tantas coisas: assassinato do estudante Edson Luís, no Restaurante Calabouço (RJ), Passeata dos 100 mil, Congresso da UNE, em Ibiúna e, infelizmente, a publicação do Ato Institucional Número 5, pelo presidente Costa e Silva, acontecido em 13 de dezembro de 1968, (que marca o início dos dez mais terríveis anos da Ditadura Militar, -
O livro de Zuenir conta exatamente a história acontecida em nosso país naquele ano (para muitos, fatídico). E ele conta, obviamente, com maestria. É fácil se deixar levar pelo enredo, especialmente se você tem um pé na esquerda e o outro no Movimento Estudantil. Isso sendo bem reducionista – claro - já que a causa do livro não é tratar da esquerda em si ou do movimento estudantil, mas de mostrar como a sociedade pode dar uma resposta a aqueles que de alguma forma ou outra, oprimem o povo (os exemplos são as Diretas Já em 83, os Cara-Pintadas em 92 pedindo o Impeachment do Collor, a Ocupação da UNB em 2008, quando verba para aplicação de recursos destinados a pesquisa científica foi desviada para a compra de objetos de decoração de luxo e utilizados na reforma do apartamento utilizado para moradia do reitor da época Timoty Mulholland). O buraco, como podemos notar, é muito mais embaixo.
Em alguns momentos, a história dos nossos vanguardistas é um tapa na cara, como a capítulo “Que Juventude é essa”, que relembra o discurso de Caetano Veloso, no III Festival Internacional da Canção, ocorrido em setembro daquele ano. Diante de uma platéia descontrolada, ele simplesmente “desce à lenha”. Um trecho: "Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder? (...); são a mesma juventude que vai sempre, sempre, matar amanhã o velhote inimigo que morreu ontem! Vocês não estão entendendo nada, nada, nada, absolutamente nada. (...) Mas que juventude é essa, que juventude é essa? Vocês jamais conterão ninguém! Deus está solto!”. E a gente, juventude, responde como? Fica a questão.
Em 2008, o livro do jornalista foi relançado e com ele um brinde: “1968 – O que fizemos de nós”. O presente contém entrevistas com os principais ativistas daquele ano, como a professora Heloísa Buarque de Hollanda, Franklin Martins, Césinha, Fernando Henrique Cardoso e também Caetano Veloso. Intelectuais de primeira, coerentes de acordo com seus pensamentos e atitudes (até mesmo nosso ex-presidente, FHC). Uma geração muito diferente da de hoje, muito mais política que a de hoje (embora a militância tenha se modernizado e ocorra de outras formas – até porque a atualidade exige isso).
Vale a pena conhecê-los de perto, vale a pena ler o livro. Talvez para quem é menos engajado, algumas partes de tornem um pouco chata ou sejam consideradas loucuras, mas foram loucuras que mudaram uma época, uma história e que nos conduziram a outro modo de pensamento, de vida e de reações. E é aí que nos perguntamos: 68 é o ano que terminou?