09 janeiro 2010

Minha aventura com Sherlock Holmes

Sempre gostei de histórias que envolvessem mistérios e detetives. Parece um imã. Então, não é à toa que na TV a cabo, algumas das minhas séries favoritas sejam Law & Order, Law & Order Special Victmis Unit e Cold Case.

A paixão começou ainda na infância. Li vários do gênero. Os primeiros foram daquela série que adolescentes iam em busca de tesouros e para virar de página era necessário desvendar mistérios [i]. Depois passei por muitos livros da Coleção Vaga- Lume (como A Ilha Perdida, A primeira reportagem, O preço da coragem, Sozinha no mundo, Vencer ou Vencer, entre outros), passei por Agatha Christie (que é mais policial) até chegar a Sir Arthur Conan Doyle e o fantástico Sherlock Holmes.

Holmes, como sabem, é um famoso detive inglês que faz trabalhos particulares e atua, numa espécie de freela, da Scottland Yard (polícia inglesa). Com uma inteligência e um senso de percepção acima da média, era capaz de resolver as situações mais impossíveis. Obviamente que Sherlock Holmes contava com a ajuda do Dr. Watson, médico e parceiro de aventuras.

Então, como podem imaginar, fui assistir no cinema a estréia de Sherlock Holmes nos cinemas brasileiros, ocorrida em oito de janeiro de 2010 (trailer no final do post). Uma diferença de pelo menos, 15 dias se comparadas aos países da Europa e os Estados Unidos.

Antes de entrar na sala, quase surtei . Chegamos 20 minutos antes do começo do filme e a fila para a compra de ingressos era quilométrica. Mas não perdemos nada – ainda bem. Quando entramos no cinema estavam passando as propagandas e os trailers. Só tivemos que achar nossas poltronas numeradas [ii] (números dois e três, da terceira fileira) e esperar.

Então, o filme começou e quando menos percebemos havia acabado. Sherlock Holmes agradou muito. Digo mais, superou as expectativas de uma fã (quase tiete) especialmente pelo humor mais do que irreverente da dupla Holmes (interpretado por Robert Downey Jr, de O Homem de Ferro) e Watson (Jude Law).

Além de desvendarem o mistério que envolve o sinistro Lord Blackwood (Mark Strong) ao meio de muita confusão, os amigos também precisam tomar cuidado com a bela Irene Adler (Rachel McAdams), única pessoa a enganar o detetive inglês duas vezes e que o fez se apaixonar.

Os parceiros também enfrentam uma crise no relacionamento por causa da aproximação do casamento de Watson, propondo um possível fim do trabalho desse com Holmes. O amigo faz de tudo para atrapalhar o romance e ficar perto do companheiro de aventuras.

Óbvio que o Holmes [moderno] das telonas é mais travesso e malandro que o comportado Holmes dos livros[iii]. Porém ambos possuem a mesma mente brilhante e dissecam cada caso em um passe de mágica e com muita aventura.

O ano, com Sherlock Holmes nos cinemas, começou muitíssimo bem. Mas “isso é elementar não meu caro Watson”?




[i] Como puderam notar, esqueci o nome da série, se alguém souber através dessa descrição e puder ajudar, agradeço.

[ii] Confesso que para mim é a revolução do mundo. Cadeiras numeradas... como gente do interior se deslumbra com essas novidades bestas não?

[iii] Os romances mais famosos de Sir Conan Doyle sobre Sherlock Holmes são Um estudo em vermelho, Os signos dos Quatro. Sem contar os contos como As aventuras de Sherlock Holmes, As memórias de Sherlock Holmes, o Último Adeus de Sherlock Holmes, entre outros.

05 janeiro 2010

68 é o ano que não terminou?

Há tempos estava de olho em um livro. Pra não dizer mais de um ano. Comprei no final de 2009. O livro, por sinal, bem conhecido: “1968 – O ano que não terminou”, do jornalista Zuenir Ventura. Queria o livro porque primeiro estava nos meus interesses de jornalismo literário, segundo porque queria descobrir um pouco mais da história do ano que fez história no cenário mundial, incluindo o Brasil.

Vários foram os acontecimentos ocorridos naquele de 68: Primavera de Praga, Guerra do Vietnã, Maio de 1968 - quando estudantes contestam o sistema vigente (tendo como palco principal Paris) -, morte de Martin Luther King, e aí por diante. Nas nossas terrinhas, outras tantas coisas: assassinato do estudante Edson Luís, no Restaurante Calabouço (RJ), Passeata dos 100 mil, Congresso da UNE, em Ibiúna e, infelizmente, a publicação do Ato Institucional Número 5, pelo presidente Costa e Silva, acontecido em 13 de dezembro de 1968, (que marca o início dos dez mais terríveis anos da Ditadura Militar, - 64 a 85).

O livro de Zuenir conta exatamente a história acontecida em nosso país naquele ano (para muitos, fatídico). E ele conta, obviamente, com maestria. É fácil se deixar levar pelo enredo, especialmente se você tem um pé na esquerda e o outro no Movimento Estudantil. Isso sendo bem reducionista – claro - já que a causa do livro não é tratar da esquerda em si ou do movimento estudantil, mas de mostrar como a sociedade pode dar uma resposta a aqueles que de alguma forma ou outra, oprimem o povo (os exemplos são as Diretas Já em 83, os Cara-Pintadas em 92 pedindo o Impeachment do Collor, a Ocupação da UNB em 2008, quando verba para aplicação de recursos destinados a pesquisa científica foi desviada para a compra de objetos de decoração de luxo e utilizados na reforma do apartamento utilizado para moradia do reitor da época Timoty Mulholland). O buraco, como podemos notar, é muito mais embaixo.

Em alguns momentos, a história dos nossos vanguardistas é um tapa na cara, como a capítulo “Que Juventude é essa”, que relembra o discurso de Caetano Veloso, no III Festival Internacional da Canção, ocorrido em setembro daquele ano. Diante de uma platéia descontrolada, ele simplesmente “desce à lenha”. Um trecho: "Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder? (...); são a mesma juventude que vai sempre, sempre, matar amanhã o velhote inimigo que morreu ontem! Vocês não estão entendendo nada, nada, nada, absolutamente nada. (...) Mas que juventude é essa, que juventude é essa? Vocês jamais conterão ninguém! Deus está solto!”. E a gente, juventude, responde como? Fica a questão.

Em 2008, o livro do jornalista foi relançado e com ele um brinde: “1968 – O que fizemos de nós”. O presente contém entrevistas com os principais ativistas daquele ano, como a professora Heloísa Buarque de Hollanda, Franklin Martins, Césinha, Fernando Henrique Cardoso e também Caetano Veloso. Intelectuais de primeira, coerentes de acordo com seus pensamentos e atitudes (até mesmo nosso ex-presidente, FHC). Uma geração muito diferente da de hoje, muito mais política que a de hoje (embora a militância tenha se modernizado e ocorra de outras formas – até porque a atualidade exige isso).

Vale a pena conhecê-los de perto, vale a pena ler o livro. Talvez para quem é menos engajado, algumas partes de tornem um pouco chata ou sejam consideradas loucuras, mas foram loucuras que mudaram uma época, uma história e que nos conduziram a outro modo de pensamento, de vida e de reações. E é aí que nos perguntamos: 68 é o ano que terminou?