21 novembro 2011

Mudanças

Não se lembrava da última vez que se sentara para escrever. Vez ou outra, em um esforço, buscava inspirações nas pequenas alegrias do cotidiano. Nada acontecia. Sentada ali, à beira-mar, olhando as pessoas caminharem sob o sol da manhã entendeu o motivo de não escrever: ela tinha mudado e precisava de um tempo para se adaptar.
Do dia para a noite, lembrava, teve que aprender a viver sozinha, a cozinhar somente para ela – por mais que detestasse fazer uma refeição solitária. Teve que aprender, na marra, a se curar sozinha dos seus dias de dores (físicas ou não) ou “desbaratinar” os dias de desânimo.
Por outro lado, pensava consigo mesma, aprendera a ter (e dar valor) à liberdade. Já não dependia de ninguém para sair. Não precisava dar satisfações com quem falava ou deixava de falar, nem precisava explicar porque estava ou não maquiada, estava ou não de salto ou por que uma cor de esmalte e não a outra (mais discreta).
Isso que ela sentia agora era uma sensação boa. Ainda mais depois de tanto tempo sufocada. Ela abrira mão de tanta coisa e de tantas pessoas para que chegassem a uma vida a dois perfeita que não percebeu que ao abrir mão dela mesma abrira mão de um relacionamento saudável e feliz. Então... nesse exato momento ter a possibilidade de voltar a caminhar com as próprias pernas e reencontrar pessoas a encantava.
Além disso, claro, o ânimo para realizar seus sonhos há tanto esquecidos em alguma gaveta da memória estava de volta – mesmo que gerasse um certo tipo de medo. Nada grave, é verdade, somente algo que a fazia ficar atenta às oportunidades.
Junto com tudo isso também pensava, naquele momento, nas pessoas que faziam parte da sua vida nesse momento novo.
Algumas a acompanhavam desde tempos que ela quase não se lembrava mais. Outros apareceram na vida dela fazia apenas alguns meses – ou poucos anos – mas era como se eles se conhecessem a vida toda tão grande a cumplicidade.
A eles todos era muito grata (mas muito mesmo) porque foram eles que emprestaram o ombro, os ouvidos e as palavras (doces ou não) quando ela precisou. Foi essa gente bonita que a divertiu quando ela pensou que iria morrer, que deram o suporte quando o mundo dela ficou sem chão e a vida deu um giro de 180 graus.
Foram jantares, almoços, casa nova, noitadas de brigadeiro, cafés, passeios no parque, sorvetes, pastéis, iogurtes, fotografia, trabalho, bares, aniversário, dia das bruxas, nhoques, cinema, Skype, ligações, mensagens, facebook, MSN, e-mails, abraços, risadas que fizeram com que a tristeza fosse embora fazendo-a voltar a acreditar nela mesma.
E com esses pensamentos se deu conta naquele momento em frente ao mar que tanto sua mente, sua vida e seu coração, estavam abertos aos novos caminhos e às novas oportunidades.


Dedico esse texto a todos aqueles que moram no meu coração e fazem parte da minha vida e especialmente para Jé, Carol, Lê, Bruninho, Ali, Déby, Diego, Graci, Ni , Compadre, Quinho, Rafa, Manda, Deni, Caro, Tanaka,  Ká, Daniel, Lari, Gabis, Bru, Jorge, Kami, Elline, Suh, Paulinha, Gica, Tay, Andi, Nori, Lieje e Ander. Obrigada por tudo.

03 agosto 2011

A História





A História - (Callie Sings The Story on Grey's Anatomy - The Music Event / tradução)

Todas essas linhas que passam pelo meu rosto
Te contam a história de quem eu sou
Tantas histórias sobre onde eu estive
E como eu cheguei aonde estou
Mas essas histórias não significam nada
Quando você não tem pra quem contar
É verdade... Eu fui feita pra você


Eu escalei pelos topos das montanhas
Nadei através de todo o oceano azul
Ultrapassei todas as linhas e quebrei todas as regras
Mas, amor, eu quebrei todas por sua causa
Porque mesmo quando eu estava despedaçada
Você me fez sentir como se eu estivesse milionária
Sim, você fez e eu fui feita pra você


Você vê o sorriso na minha boca
Está escondendo as palavras que não querem sair
E todos os meus amigos que pensam que sou abençoada
Não sabem da confusão que tenho na cabeça
Não, eles realmente não sabem quem eu sou de verdade
E eles não sabem pelo que eu passei, como você sabe
E eu fui feita pra você


Todas essas linhas que passam pelo meu rosto
Te contam a história de quem eu sou
Tantas histórias sobre onde eu estive
E como eu cheguei aonde estou
Mas essas histórias não significam nada
Quando você não tem pra quem contar
É verdade... Eu fui feita pra você
Oh, sim, é verdade... Eu fui feita pra você

01 agosto 2011

Je veux (Eu quero)

"(...) Je Veux d'l'amour, d'la joie, de la bonne humeur
c' n'est pas votre argent qui f'ra mon bonheur (...)"

[Eu quero amor, alegria, bom humor
Não é o dinheiro que me trará felicidade]  - Je Veux (Zaz)

26 junho 2011

Um aniversário, um disfarce.

Demoro sempre pra escrever aqui. Vontade é o que não me falta, como podem imaginar. Sempre que passo por aqui desejo deixar algumas palavras – doces ou amargas – mas nunca as encontro na verdade. Elas parecem simplesmente gostar do jogo de pique-esconde e só se sentem motivadas a dar as caras se algo faz com elas se sintam à vontade com elas mesmas.
Imagino então que, dessa vez, a risada da minha doce e pequena afilhada Alice tenha desencadeado tudo. Aliás, com certeza foi. Era aquele riso tranquilo, inocente, e que poderia demorar horas. Aquele riso que eu mesma costumava a ter quando era criança e saía por aí a passear com você de mãos dadas pelas ruas do bairro. Aquele mesmo riso de encantamento ao descobrir um cachorro ou um pássaro no céu. Aquele riso inocente.
Foi no meio desse riso que eu tive a nítida impressão de te ver entrar em casa e se dirigir pra cozinha preparar o café, como fazia sempre de segunda à sexta, às três e meia da tarde. E eu realmente pude ouvir os barulhos de gavetas, xícaras e talheres. Se demorasse mais um pouco, era capaz de escutar o rádio sintonizado naquela estação AM que tanto tocava quando ainda estava por aqui. Tive que respirar fundo e voltar a me concentrar, lembrar de que tudo isso se fora há mais de dois anos e que nada do que acontecesse mudaria o fato e que a única pessoa que estava ali comigo tinha dois anos de idade.
As sensações não pararam por aí. Coisas a mais aconteceram, minutos depois. Ou antes. Agora fica difícil distinguir. Levei a Alice pra sacada – no meu colo, em segurança, claro - e quase pude te ver, encostado na parede, apreciando o movimento, como sempre fazia aos domingos ou sábado à tarde quando não ficava na Farmácia do Zé, conversando. Transcendi ao acreditar que poderia, naquele momento, estar ao seu lado, olhando aquele horizonte bonito que temos da sacada do apartamento, como fiz durante quase a minha vida toda...
 Dia 23 último foi seu aniversário. Se estivesse vivo, faria 67 anos. Como quem não quer nada, trabalhei, saí com os amigos, evitei ao máximo pensar que poderíamos estar em casa, dividindo algum macarrão com molho e carne de posta. Quem sabe um bolinho com alguns familiares ou pelo menos, um abraço apertado e um desejo de que as coisas sempre acontecessem para te deixar bem. Mas isso, como diz a música, foi mais uma vontade que ficou pra trás.
Muito amor e muita saudade. Sempre.

17 maio 2011

Pequeno grande amor

Algumas pessoas em nossas vidas exercem funções vitais. Sem essas pessoas, com toda a certeza, a vida seria mais insípida, menos colorida e faria menos sentido. Segue um texto que traduz um pouco dessas relações fundamentais de nossa existência.

Sempre que me lembro do seu rosto, me lembro dos seus olhos. Olhos azuis. Infinitamente azuis. Olhos que me trazem calma, segurança, tranquilidade. Olhos que me remetem à uma intimidade que tenho com poucas pessoas, olhos que me lembram o lar. O meu lar.
Quando caminho até você, caminho até alguma canção. Porque tenho certeza que sua alma é em formato de uma clave de sol. Ou qualquer coisa do tipo, não importa. O que realmente é importante é que a música faz parte de você e você faz parte da música. Um jazz, um rock, uma MPB, um tango para os dias mais tranquilos. E um funck, um sertanejo, um pagode e um samba para os dias mais festivos.
Não importa onde eu esteja, queria mesmo é que você fosse um livro de bolso. Poderia te carregar para onde quisesse, a hora que bem entendesse. Ia ler quantas vezes fossem necessárias e tenho certeza que me surpreenderia em cada leitura, em cada nova página. Porque é isso que bons livros fazem: encantam independente de quantas vezes você tenha foleado aqueles escritos. E sempre que te vejo me surpreendo com as coisas novas e com as coisas velhas.
Temos nosso próprio álbum de recordações. Dos melhores dias. Dos piores dias. Mas todos registrados com muitas risadas, muitos abraços, muitos choros, muitas confissões e muita, mas muita cumplicidade. Dessas que a gente às vezes deixa de acreditar que existem se olhamos para outras relações que não a nossa. Ainda bem que te tenho.
Sabe... te amar é tão natural quanto respirar. Caminhar pela cidade. Piscar. Sentir fome. Sentir frio. Sentir calor. Se sentir animado ou até mesmo se sentir com sono. Te amar é ter uma parte de mim em outro corpo. Te amar é nada mais do que te amar. Com as brigas e com as pazes.
Todo esse tempo e nenhum desgaste. Nem mesmo uma ponta de vontade de desistir. Pelo contrario. Os anos só nos aproximam... só nos deixam mais perto, mais à vontade – até mesmo para ficar em silêncio porque isso não nos incomoda. Pra ser mais sincera, nunca incomodou.
Quero que esse relacionamento se mantenha até o final dos tempos. E que eu esteja sempre ao seu lado, independente de qualquer coisa.

Te amo Jé. Você é minha prima, minha irmã, meu pequeno grande amor desde 93. Que esses 18 sejam apenas os primeiros de muitos 18 que vem por aí.






p.s: o aniversário é só quinta, dia 19, mas resolvi postar antes.